domingo, 11 de novembro de 2012

Manifesto




            
       Decidimos mostrar a nossa cara! Em nossa última plenária, no dia 08/11/2012, fizemos uma discussão sobre a situação atual da UnB, em especial do movimento estudantil. Viemos compartilhar nossas reflexões iniciais e trazer esse acúmulo para discutir com o conjunto da esquerda, para a formulação de um programa unitário e consequente com as lutas do movimento estudantil.


          Não somos os estudantes que se conformam, mas somos aqueles que se indignam. Somos a galera que, apesar das dificuldades, acredita e se levanta. Vamos sempre exigir o direito a um futuro – a um futuro em que sambamos diferente. Temos consciência de que é possível mudar, mas que a mudança só virá com muita luta.
Viemos da luta do estudante de baixa renda pelo direito a assistência. Somos parte da luta do LGBT por igualdade e dignidade. Semeamos a luta da negra e do negro de poder entrar na universidade e lutaremos por uma universidade para todos os trabalhadores. Queremos uma universidade junto com os movimentos sociais e a serviço da transformação social.


Sonhamos sim, e sonhamos alto. E o movimento estudantil é quem sustenta nossas esperanças: decidimos sonhar e acordamos nessa batalha. Mas hoje somos capazes de perceber que, para seguir sonhando, temos que vencer aqueles que querem que não sonhemos.
Ao longo de sua bela história, o movimento estudantil da UnB sempre pode confiar em um grande apoiador de suas lutas, o DCE. Hoje não podemos mais contar com esse apoio. A atual gestão do DCE, Aliança pela Liberdade, não quer saber do movimento estudantil e seus sonhos. Quer um DCE sem política, que seja pragmático (e burocrático). Quer um DCE parlamentarista e sem lutas.
Mas a universidade mais uma vez mostrou a necessidade de lutar; e o movimento estudantil apontou o caminho. A gestão do DCE não queria a greve, mas foi obrigada a convocar uma assembleia por conta de um abaixo-assinado de 31 CAs. Deflagramos a greve estudantil na UnB com a presença de mais de seiscentos estudantes. Paralisamos as aulas e partimos pra luta. Defendemos a paridade, ocupamos a reitoria com a pauta da assistência, fizemos campanha pela creche universitária e grandes manifestações na esplanada! Atuamos em unidade com mais de quarenta universidades em greve estudantil, pelo Comando Nacional de Greve dos Estudantes. Avançamos na mobilização e na organização dos estudantes na UnB e em todo o país, com importantes vitórias.

    Os estudantes que lutam e nós do Coletivo Há Quem Sambe Diferente não nos intimidamos! Estamos aqui para mostrar que o estudante vai seguir sonhando, e que nós vamos seguir lutando. Mesmo sem o apoio do DCE, seguimos em defesa da educação pública, da paridade e da assistência. Fomos firmes no enfrentamento aos projetos do governo, que precarizam a universidade e tentam impor uma escolha aos estudantes: ou expansão, ou qualidade. Dissemos que queremos as duas! E fizemos a maior greve da história das federais, porque acreditamos nessa luta.
Entretanto, sabemos que se tivéssemos o apoio do DCE nossas lutas teriam sido mais fáceis e, provavelmente, nossas vitórias teriam sido maiores. O movimento estudantil da UnB precisa retomar a nossa entidade para as lutas do movimento estudantil. Temos certeza de que o primeiro passo para essa vitória se dá com muita unidade. E agora estamos confiantes para defender esse nosso programa forte e de luta, que vamos apresentar nas eleições do DCE. Forte, porque não o defenderemos sozinhos. Teremos agora um grande trunfo: A UNIDADE DA OPOSIÇÃO! A oposição daqueles que defendem um movimento estudantil ativo e com um programa questionador, crítico e político.
Lutamos por uma universidade que não seja só para uma elite rica e branca. Defendemos as cotas, a expansão e a democratização da universidade. Mas a reforma universitária do governo federal, via REUNI, zuou com as federais. Migalha não rola! Queremos que a educação seja prioridade, e não a construção de estádio pra Copa ou pagamento pra banqueiro de juros da dívida! Exigimos 10% do PIB pra educação pública já! Se não bastasse, o governo federal ainda cortou bilhões de reais da educação nos últimos anos...
A assistência estudantil não é caridade, é um direito! Exigimos que a universidade ofereça condições de permanência para os estudantes. Bolsa para todos que precisam! Queremos que as mães que engravidam não tenham que largar seu curso, por isso exigimos a construção de uma creche universitária na UnB. Um RU lotado e precarizado, enquanto se constrói um monte de lanchonetes: alimentação pra quem?! Mas sabemos que assistência não se faz sem verba, queremos R$ 2 bilhões para o PNAES!
Quando falta verba do governo federal, sobra exploração. As FINATECs da vida continuam surfando no discurso de serem a solução para a falta de recursos pra universidade, enquanto já são vários os professores da UnB que cobram por cursos que dão na universidade “pública”. A oposição quer uma universidade em que a produção de conhecimento esteja a serviço daqueles que trabalham e não daqueles que lucram! Educação não é mercadoria!
Mulheres também não são mercadorias! Uma universidade sem segurança e sem iluminação é condescendente com os casos de violência e estupro à mulher. A Polícia Militar não é solução para a segurança, muito pelo contrário, só reproduz o machismo, a violência e a opressão. Queremos um combate real às opressões a mulheres, negros e LGBTs na UnB!
Somos oposição também à falta de democracia na universidade! Paridade não é só em dia de festa pra eleger o reitor. Democracia na universidade é paridade nos conselhos e nos colegiados. Democracia é com congresso estatuinte paritário para decidir novos rumos para a universidade!
Reivindicamos também um congresso dos estudantes, como prevê o estatuto do DCE. O movimento estudantil precisa se aproximar dos estudantes! Precisamos discutir a falta de política para os estágios; a falta de laboratórios para as práticas; e também a bagunça na matrícula e a dificuldade dos estudantes pegarem as disciplinas de que precisam. Mas os estudantes também entendem que o espaço da universidade é espaço de convivência: festas e atividades culturais também fazem parte da vivência universitária!
Mas a universidade não é uma bolha. O movimento estudantil também precisa lutar contra a destruição das florestas e o extermínio dos Guaranis-Kaiowas. Vamos nos indignar com a violência policial e com a exclusão dos oprimidos. Estudante também luta por transporte. Também defende as famílias da desocupação forçada de suas casas. Também luta para que a mulher tenha direito sobre seu corpo e seu ventre; e que possa sair na rua usando a roupa que quiser. Sonhamos e lutamos por um mundo livre, justo e profundamente democrático, seja dentro ou fora da UnB.
Temos uma grande tarefa para essas eleições: recuperar o DCE para as lutas do movimento estudantil e de toda a juventude que sonha e quer lutar! Queremos um DCE que faça jus à história dos estudantes da UnB que foram perseguidos, torturados e mortos lutando pelos mesmos ideais que hoje nos orgulhamos em defender. Estamos diante de um grande passo, que é a UNIDADE da oposição de esquerda! Agora é hora de discutir com os colegas, fazer cartazes, passar em sala e convencer a toda UnB de que nossos sonhos não morreram e de que seguiremos lutando, sempre.

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